A agenda.
O celular, a carteira, a sombrinha, a bolsa.
Os documentos, mas ainda não a identidade.
Esta talvez já tenha ido a mais tempo.
Num tempo em que ainda éramos de carne e osso.
De pele e alma.
Fúria e calma, necessidade instante, fome ao alcance.
E a saliva morna escorregava na garganta larga e fresca.
E os pés descalços, que não eram descalços pois não tinham necessidades de serem calçados.
E agora ao olhar pra baixo sabe que falta alguma coisa
Mas não sabe qual necessidade é a sua
E se esta supri alguma vontade; e se tem necessidade de sua vontade.
Perdeu o meio, perdeu o dentro
Perdeu o lembrar quérulo e sem lembrança
Inocência aquém do pensamento.
Lento viver eterno.
Eterno pesado e grosso, pois o que se faz de sempre sem ter nem início e nem fim
Não me cabe em pedaços divididos pela mordida fugaz truculenta do tempo.
E já não reconhecia rostos, já não reconhecia ações.
Não mais recordava-se onde vivia.
Tudo parece tão diferente, enfeitado e sem centro.
Sem caroço.
Caroço que cai na terra e gera vida.
Caroço seixo que nas mãos do guerreiro vira arma tira vida.
Carne sangue húmus mutação de chão sem pé.
De terra sem colheita fruto pão.
Pó de café pra manter de olhos abertos e serosos.
Não cabe ócio mas cabe sócio mas cabe ódio se quer o pódio.
Se quer poder não se quer ser, mas pare[ser].
Caroço semente duro oco de tudo cheio de vida esperando ser doido doído.
E germinado rarefeito de larva primitiva cheirando instinto extinto passando a homem pensando.
Estou sempre a um passo. No apogeu da flecha que sai do arco pronta a me atingir de olhos vendados.
E sinto os corpos caindo ao meu lado.
E eu vi seu número, a morte sussurrando e lambendo minha orelha.
Mas antes pude ouvir
todas as noites
o murmúrio de seus estômagos famintos a me manter insone noite e dia.
Até que eu esqueci.
Esqueci de ter
de ser
de vir e ver.
Olvidando-me ao que me cerca.
E tendo
Fui me esquecendo.
E então eu tenho medo e invento Deus e ele existe pra mim. Todos os dias.
Eis que é sendo.
E a saliva morna escorregava na garganta larga e fresca.
E os pés descalços, que não eram descalços pois não tinham necessidades de serem calçados.
E agora ao olhar pra baixo sabe que falta alguma coisa
Mas não sabe qual necessidade é a sua
E se esta supri alguma vontade; e se tem necessidade de sua vontade.
Perdeu o meio, perdeu o dentro
Perdeu o lembrar quérulo e sem lembrança
Inocência aquém do pensamento.
Lento viver eterno.
Eterno pesado e grosso, pois o que se faz de sempre sem ter nem início e nem fim
Não me cabe em pedaços divididos pela mordida fugaz truculenta do tempo.
E já não reconhecia rostos, já não reconhecia ações.
Não mais recordava-se onde vivia.
Tudo parece tão diferente, enfeitado e sem centro.
Sem caroço.
Caroço que cai na terra e gera vida.
Caroço seixo que nas mãos do guerreiro vira arma tira vida.
Carne sangue húmus mutação de chão sem pé.
De terra sem colheita fruto pão.
Pó de café pra manter de olhos abertos e serosos.
Não cabe ócio mas cabe sócio mas cabe ódio se quer o pódio.
Se quer poder não se quer ser, mas pare[ser].
Caroço semente duro oco de tudo cheio de vida esperando ser doido doído.
E germinado rarefeito de larva primitiva cheirando instinto extinto passando a homem pensando.
Estou sempre a um passo. No apogeu da flecha que sai do arco pronta a me atingir de olhos vendados.
E sinto os corpos caindo ao meu lado.
E eu vi seu número, a morte sussurrando e lambendo minha orelha.
Mas antes pude ouvir
todas as noites
o murmúrio de seus estômagos famintos a me manter insone noite e dia.
Até que eu esqueci.
Esqueci de ter
de ser
de vir e ver.
Olvidando-me ao que me cerca.
E tendo
Fui me esquecendo.
E então eu tenho medo e invento Deus e ele existe pra mim. Todos os dias.
Eis que é sendo.